Resgatei um gatinho! E agora?

O primeiro Resgate a gente nunca esquece…

De repente, um gatinho em sua vida! Ele chegou de surpresa, numa situação daquelas em que ou você age imediatamente ou amarga para sempre a dúvida se aqueles olhinhos necessitados teriam encontrado salvação. Sei bem como é. Inclusive, nos dois casos…


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A decisão de resgatar um gatinho em perigo é algo muito urgente e emocionante, mas é também uma atitude social. Na grande maioria dos casos, quem faz a proteção animal somos nós, cidadãos.

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4 passos básicos para o resgate: observar o estado de saúde do gato e tomar as devidas providências; montar um pequeno enxoval contendo a infraestrutura mínima necessária; realizar o período de quarentena e providenciar a CASTRAÇÃO.

#3

A castração é um ato de amor: garante a saúde e evita problemas de comportamento do animal e é a única solução realmente digna e eficaz para o controle populacional de gatos de rua.


O resgate de um animal necessitado, seja ele em situação de rua ou errante, abandonado ou doente, vítima de acidente ou de maus tratos, é sempre um ato que envolve coragem, resignação, muita emoção e, principalmente, um senso de urgência e noção da (falta de) oportunidade. Isso porque, em nosso país – como na grande maioria dos países, infelizmente – o direito animal está no final das listas de prioridades dos governos e a questão ainda é tratada com preconceito e desdém por parte das sociedades mundo afora.

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O que quer dizer que, na prática, quem faz a proteção animal somos nós, cidadãos, que podemos nos unir em Organizações Não Governamentais – ONGs, em Projetos Sociais e, principalmente, ajudar como voluntários, em conjunto ou individualmente. Ou seja: a proteção daquele animal necessitado em sua frente é, literalmente, você.

Existem várias maneiras de ajudar a causa animal e todas elas são bem vindas. Castrar, praticar ou apoiar ações de CED (Captura, Esterilização e Devolução de animais sem dono), resgatar, adotar, ajudar a divulgar animais para adoção, doar tempo, habilidades, dinheiro, materiais, praticar a posse responsável dos seus próprios animais, se informar e educar as pessoas ao seu redor sobre a existência e a importância desta causa, que é de todos nós.

Então, ao se deparar com aquele gatinho necessitado, você decidiu agir e resgatar. É importante ter sempre em mente que todo resgate é urgente, mesmo que em diferentes níveis. Depende da idade do animal, do seu estado de saúde, de onde ele vem, o que ele passou… Tudo vai influenciar diretamente na quantidade de tempo, energia e investimentos que precisarão ser feitos… Cada caso é um caso, mas existem alguns passos básicos a serem seguidos, de forma a facilitar esse primeiro momento, que é sempre cheio de emoção e todo tipo de dúvidas, até para o gateiro ou protetor mais experiente.

1° Passo: Observar o estado de saúde

Em situações de resgate, vemos de tudo: desde animais atropelados, aos mal tratados, ou doentes… Obviamente, a recomendação é levar o gato ao veterinário imediatamente. Questões de extrema urgência, como fraturas, feridas abertas, sangramentos, dificuldades respiratórias, traumas, perda de consciência, inchaços abdominais, doenças agudas etc. são casos de atendimento imediato e, se for possível, medidas devem ser tomadas na hora, mas somente o veterinário poderá avaliar e iniciar o tratamento adequado o quanto antes.

Em outros casos, o gato poderá apresentar sarna, pulga ou carrapatos. Ou estar apenas sujo, desnutrido e desidratado (e por isso muitas vezes desnorteado ou desesperado). Quando é assim, o resgate é (um pouco) mais tranquilo e sanar a fome e a sede do bichinho seria a minha prioridade. Depois, veterinário já.

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2° Passo: Enxoval

Daí que você já garantiu a saúde do gatinho. E decidiu que vai ficar com ele. Ou então, não vai poder ficar, mas vai fazer lar temporário até encontrar um amigo ou alguém que queira adotá-lo. De qualquer forma, você vai precisar montar um pequeno enxoval, composto pelos itens básicos para a sobrevivência de um gatinho dentro de casa, sem acesso à rua (afinal, você não vai deixá-lo correndo risco lá fora de novo, não é?). Você vai precisar de:

  • 01 bacia sanitária;
  • Areia sanitária;
  • 01 pá higiênica;
  • 01 comedouro;
  • 01 pote para água;
  • Ração para gatos (seca e/ou úmida)

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Além disso, deverá adquirir as medicações, shampoos ou loções que o veterinário indicar. Se você tiver que ministrar comprimidos, por exemplo, saiba que não é uma tarefa nada fácil. É até motivo de piada entre os gateiros hahaha! Então eu sugiro um aplicador de comprimidos, que não custa caro e é facilmente encontrado nos pet shops. Esse aparato pode facilitar demais essa tarefa! Sou adepta rs.

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Se o gatinho resgatado sofreu alguma lesão que o deixou com necessidades especiais, é possível que necessite de fraldas descartáveis de tamanho de (humanos) recém-nascidos e pomadinhas para aliviar as assaduras. Se o seu gatinho resgatado for recém-nascido, precisará de leite em pó específico para Pets recém-nascidos e uma mamadeirinha ou chuquinha. Ele também precisará de cuidados bem específicos. Vamos falar sobre isso em outro post.

Quanto à areia sanitária, existem várias marcas e tipos diferentes. Pode ser de argila, sílica ou granulado biodegradável. A diferença é o preço e o gosto do consumidor, pois os gatos, em geral, as tratam igualmente rs. Lembrando que se o gatinho for muito filhotinho, é bom que a bacia tenha as bordas mais baixas, para que ele possa entrar e sair sem dificuldades. Se você nunca “manejou” um gato na vida, não tem erro: mostre a ele onde está a bacia e ele fará o resto sozinho. Já vem programado de fábrica! Rsrsrsrs <3

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Repare que você pode montar isso de várias maneiras, do kit improvisado e mais barato ao super luxo, onde o céu e o bolso são o limite. O que importa é não faltar nenhum desses itens. Apenas recomendaria que a ração seca, além de ser apropriada para a idade (a de filhotes tem os grãos menores), seja do tipo Premium. Esse tipo de ração só é encontrada em pet shops e o preço é um pouquinho maior, mas é um investimento que se faz na saúde dos gatinhos e que faz uma diferença enorme a médio e longo prazo. Além disso, as marcas disponíveis apresentam boa aceitação e bom custo benefício, sendo o padrão mínimo indicado pelos veterinários. Você pode optar também pelas Super Premium, mas estas são bem mais caras e tem também as suas vantagens. Contudo, se a situação pedir que seja a ração standard (as que vendem no mercado), procure aquelas que não são coloridas e tem os grãos apenas marrons. Os corantes são totalmente dispensáveis na vida dos gatos e das nossas também, não é mesmo?

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Se você resgatou mais de um gatinho, talvez precise ajustar as quantidades de areia e ração. A quantidade de caixas de areia pode aumentar também, especialmente se forem mais velhos, mas geralmente apenas uma caixa dá conta do período de confinamento inicial. É bom ter mais potinhos de água disponíveis e um pote de ração para cada gato.

3° Passo: Quarentena

A quarentena é um tempo que o gatinho resgatado precisará para vivenciar as adaptações à nova vida indoor e também tratar questões de saúde que possa apresentar, além de cumprir o protocolo das primeiras doses de vacina e desparasitação. Então, é necessário que ele seja isolado em um ambiente da casa e não mantenha nenhum tipo de contato com outros animais, especialmente com outros gatos.

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Esse tempo de “isolamento” vai depender de inúmeros fatores. Se você tem outros gatos em casa, cachorro, criança, pessoas que não estão acostumadas com (ou dizem que não gostam de) gatos, todos eles precisarão se adaptar ao novo habitante – e vice versa. Isso, na esfera comportamental. O isolamento também serve para prevenir possíveis contaminações entre o gato resgatado e os outros animais e humanos da casa, no caso do resgatado ter alguma das doenças transmissíveis entre felinos, cães ou até mesmo ao homem, como alguns tipos de sarna e outras possíveis zoonoses.

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Inicialmente, para ele se acostumar com o seu novo (definitivo ou temporário) lar, o que se recomenda é que você o deixe com toda a estrutura necessária arrumada dentro de um cômodo, por um tempo. Pode ser um banheiro, um quartinho. O importante é apenas que não coloque a “sala de jantar” e o “banheiro” juntos, pois os gatinhos não gostam de comer ao lado das fezes – aliás, quem gosta, né? rs

Às vezes uma quarentena pode durar só o tempo da castração e pós-operatório, ou pode ser pelo tempo necessário para tratar de quaisquer tipos de enfermidades que ele possa ter, ou problema físico para estabilizar, o que significa várias semanas ou até meses.

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Apesar dos gatos gostarem muito de cantinhos tranquilos e seguros, em algum momento eles irão querer explorar o lado de lá da porta. Podem miar, arranhar a porta, até planejar escapulidas. Isso também é um fator que depende de idade do gato, estado de saúde, temperamento… Mas o que você pode fazer para amenizar esse problema é enriquecer o ambiente onde ele está confinado. Locais onde ele possa subir, arranhar, se entocar, se pendurar… Brinquedinhos variados (da bolinha de papel ao ratinho de pelúcia), o que quer que seja que possa estimular a mente curiosa do gato e as suas necessidades instintivas de arranhar e se exercitar. Além disso, é claro, tenha ao menos um momento do dia para interagir com o gatinho. Ele também precisa se acostumar e criar laços com as pessoas.

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Se o seu gatinho resgatado precisar ficar num longo período de quarentena, sempre que puder, traga alguma novidade, como sacolas de papel, caixas de papelão… Isso tudo irá ajudar a ocupar as horas em que ele está acordado e ajudará manter a sua saúde mental, que é importantíssima para qualquer recuperação física que ele precise.

Se você tiver outros gatos em casa, a quarentena é um período que pode ser aproveitado para começar a aplicar o passo a passo de apresentação do gato hóspede aos gatos residentes, respeitando, é claro, as exigências dos tratamentos de saúde.

Leia mais aqui sobre a importância de se fazer o isolamento inicial do novo gatinho.

Se quiser saber mais sobre a adaptação do novo gatinho, veja aqui o que você precisa saber antes de começar. E veja aqui o passo a passo de introdução e adaptação entre gatos comentado e ilustrado.

4° Passo: Castração

Agora que o seu gatinho resgatado já está bem de saúde e adaptado à vida indoor, chegou a hora da ação que é tão importante e significativa na vida deste animal quanto foi o seu resgate: a castração.

Todo e qualquer animal de estimação deveria ser castrado. Deveria ser lei. A castração é um ato de amor e importantíssimo, pois não só garante a saúde e evita diversas doenças e problemas comportamentais do animal, como também é a única solução realmente digna e eficaz no controle populacional de animais de rua que existe. Se a mãe desse gatinho resgatado tivesse sido castrada, ele não estaria ali, sofrendo o que sofreu, até ter a sorte extrema de ter cruzado o seu caminho.

Ainda existe uma cultura equivocada, de que os animais só podem ser castrados depois da primeira ninhada. Na verdade, os animais não “se divertem” com o ato sexual, como nós humanos, e não precisam passar por essa experiência. Além disso, alguém já parou pra pensar qual o destino dos filhotinhos da ninhada? Quatro, cinco, seis, sete gatinhos, de raça ou sem, que vão ser “doados” aos amigos, parentes e quem mais se habilitar a assumir o grande problema que foi gerado (afinal, nem todo mundo pode arcar com os custos ou tem espaço em casa para dar conta dessa galerinha). E esses gatinhos normalmente são doados sem castrar e poderão gerar mais e mais ninhadas, que serão sempre “doadas”. Claro, isso na melhor das hipóteses. Pois a realidade nunca é tão bonita. Muitos e muitos desses gatinhos acabam mesmo abandonados na rua, precisando da ajuda e do resgate de pessoas como você.

Portanto, mesmo que o gatinho resgatado vá ser adotado por você para ser filho único e viver indoor, castre-o o quanto antes. Você vai proteger a saúde dele, se resguardar dos problemas e chateações do cio ou da vontade de sair dos machos e fará parte de um movimento de tutela ou posse consciente e responsável de animais. E especialmente se o gatinho resgatado for destinado à adoção, então a castração é mais que urgente, pois se encerrará ali, com total e absoluta certeza, o ciclo do abandono.

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O pós-operatório de uma castração varia entre 2 a 5 dias para os machos e 10 a 15 dias para as fêmeas, a depender da técnica utilizada pelo cirurgião, além de fatores como idade, temperamento, a proteção dos pontos, etc. Logo, o gatinho deve permanecer isolado de outros animais e deve-se tentar evitar atividades que exijam esforço físico, como subidas e pulos (tentar, né? rs). As fêmeas podem usar uma roupinha cirúrgica para ajudar a proteger a cicatriz.

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Após esse período, o gatinho que você ajudou a salvar a vida estará pronto para ser entregue em adoção responsável ou ser adotado por você, para trazer luz, amor e felicidade para a sua casa. Parabéns!

Até mais <3

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